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Riscos associados ao xilol e monitoramento através de exames ocupacionais

O laboratório de citologia e anatomia patológica é uma área de apoio diagnóstico responsável pela elaboração dos seguintes procedimentos: análises morfológica e macroscópica dos tecidos obtidos por biópsia e pelo exame citológico de esfregaços obtidos por raspados, secreções, líquidos, punção etc. O xilol é utilizado nesses laboratórios no momento da montagem da lâmina. Ele é indispensável para realização dos exames. A função deste solvente é tornar os tecidos translúcidos, participando da etapa de seu clareamento ou diafanização.(1)

É um solvente que atua sobre o sistema nervoso central (SNC) em exposições agudas e crônicas. Apresenta ação irritante sobre pele e mucosas e seus efeitos agudos são semelhantes aos decorrentes da intoxicação etanólica: efeitos estimulantes seguidos de depressão do SNC (pode provocar tosse, dores de cabeça, dificuldades respiratórias, perda de memória em curto prazo, depressão no sistema nervoso central, irritação ocular e dermatites). Em exposições crônicas, pode provocar hepatotoxicidade, nefrotoxicidade e perda auditiva. Estudos sobre a exposição crônica ao tolueno a baixas concentrações demonstram mudanças neurocomportamentais e exposições a altas concentrações podem ocasionar não apenas déficits de atenção e concentração, mas também motores. O controle e prevenção da exposição a este solvente é realizado através de medidas de controle ambiental, uso de roupas impermeáveis, luvas, óculos de segurança e máscaras com filtro químico. Adicionalmente, tendo em vista seus efeitos tóxicos, todos os trabalhadores com risco de exposição ao tolueno devem realizar monitorização biológica por meio de exames toxicológicos para avaliar seu grau de exposição a este solvente.(2)

De acordo com a resolução nº 358, de 29 de abril de 2005, do Conselho Nacional de Meio Ambiente (BRASIL, 2005), o xilol está classificado no grupo B, que enquadra substâncias químicas que podem apresentar riscos à saúde pública ou ao meio ambiente. O uso freqüente do xilol em laboratórios de ensino e pesquisa, análises clínicas e patológicas pode causar agravos à saúde dos trabalhadores expostos. Em vista disso, é importante a avaliação toxicológica do ácido metilhipúrico e do ácido hipúrico (AH), os metabólitos do xilol na urina, sendo esses o indicadores propostos pela legislação brasileira inclusa na Norma Regulamentadora nº15 (BRASIL, 2006) para a monitorização biológica de exposição a este agente químico.(1,2)

De acordo com a NR-7, o valor de referência (VR) para o AH é 1,5 grama de ácido hipúrico por grama de creatinina e seu índice biológico máximo permitido (IBMP) é 2,5 gramas de ácido hipúrico por grama de creatinina.(1)

Os sinais apresentados por citotécnicos e histotécnicos à exposição ocupacional ao xilol são: náuseas, vômitos, dores de cabeça, tosses, irritação no nariz e na garganta, sintomas associados à inalação deste produto no ambiente de trabalho. A análise dos relatos permite concluir que, como instrumento indispensável para avaliar os agravos à saúde e estabelecer estratégias de prevenção dos fatores de risco ocasionados pelo processo de trabalho, o exame médico dos funcionários deve ser realizado periodicamente. Sabe-se que é fundamental que equipamentos de proteção individual e coletiva estejam disponíveis para os funcionários, já que é de responsabilidade do empregador fornecer tais equipamentos em perfeito estado de uso e com a devida capacitação para sua utilização. Ficou evidenciado também que, em geral, os laboratórios tratam de forma negligente os resíduos tóxicos, sem a preocupação com o grande impacto que tal procedimento pode causar ao meio ambiente.(1)


Referências:

Costa, K. N. S.; Pinheiro, I. O.; Calazans, G. T.; Nascimento, M. S. Avaliação dos riscos associados ao uso do xilol em laboratórios de anatomia patológica e citologia. Rev. Bras. Saúde Ocup. vol.32 no.116 São Paulo July/Dec. 2007.

Gonzalez, C. G.; Segebin, F. R.; Oliveira, P. G.; Glock, L.; Thiesen, F. V. Estudo retrospectivo dos níveis de ácido hipúrico urinário em exames de toxicologia ocupacional. Ciênc. Saúde Coletiva vol.15 Supl.1 Rio de Janeiro June 2010.

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