INTRODUÇÃO
Os receptores da SARS-CoV-2 estão presentes em vários regiões extrapulmonares, como na placenta. Pode contribuir potencialmente para a transmissão transplacentária vertical para o feto. Apesar de as placentas apresentarem resultados positivos para SARS-CoV-2, poucos são os recém-nascidos que apresentam doenças induzidas por vírus. De acordo com os dados, não há padrões histológicos patognomônicos em placentas humanas após infecção materna por SARS-CoV-2.
MÉTODOS
Revisamos os dados das placentas de todas as mulheres grávidas no terceiro trimestre com infecção confirmada por SARS-CoV-2, que deram à luz ao Hospital San Marco, Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, de março de 2020 a março de 2021. As placentas foram enviadas ao exame histológico e amostras em swab submeridas ao qRT-PCR, tanto na face materna quanto fetal.
RESULTADOS
O número de gestantes que realizaram cesárea foi maior (68%) do que aquelas que realizaram parto normal (32%). O estudo histológico das 110 placentas mostrou 32% dos casos com placentas histológicas normais (sem infartos ou inflamação amniótica coriônica) e 67% com infiltrado denso de macrófagos com corioamnionite aguda, mas sem alterações citopáticas virais. Apenas 1% das placentas apresentavam evidências de calcificações, deposição de fibrina dentro e ao redor das vilosidades e 'nódulos sinciciais', mais comumente descritos como agregados nucleares sinciciais (SNAs). Nenhuma trombose definitiva foi encontrada nestes casos. Apenas dois casos de placentas foram relatados como positivos para a presença de SARS-CoV-2. Ambos os recém-nascidos foram testados para SARS-CoV-2 por meio de swab nasal e retal, realizados 1h, 72h, 14 dias e 28 dias após o nascimento. Todas as amostras deram resultados negativos para o vírus. Um recém-nascido do sexo masculino, após parto vaginal com 39 ° semanas de gestação, pesava 2.750 g e o índice de Apgar era de 8 e 9 em 1 e 5 minutos. A placenta era histológica e morfologicamente normal. Outro recém-nascido do sexo masculino, parto normal com 39 semanas, apresentou índice de Apgar de 9 e 10 com 1 e 5 minutos após o nascimento e pesava 3.170 g. O exame da placenta revelou calcificações, deposição de fibrina dentro e ao redor das vilosidades e SNAs. Não foram descritas anormalidades da placenta e do cordão umbilical. Ambos os recém-nascidos apresentaram boas condições e permaneceram assintomáticos durante a internação em regime de alojamento conjunto.
CONCLUSÕES
Devido ao papel da placenta no desenvolvimento do feto, uma pesquisa incorporando a coleta de tecido placentário e uma avaliação deve ser realizada para compreender melhor o mecanismo patogênico do COVID-19 no resultado da gravidez.
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