Pele
Características, Amostragem e Descrição Macroscópica
1. Biopsias cutâneas por lesão não tumoral
As biópsias cutâneas por lesões não tumorais são, habitualmente, fragmentos fusiformes/ovóides ou cilíndricos (“punch”). Nas alopecias, as biopsias são geralmente cilindros de couro cabeludo, incluindo pele e tecido subcutâneo
1.1. Procedimento
A. Identificar se há algum tipo de exame complementar solicitado na requisição.
B. No caso de estudo de alopecias a coleta de fragmentos segue técnica especial.
1.2. Descrição
A. Número de recipientes, número de fragmentos por recipiente e tipo de preservação (a fresco vs em fixador) em cada recipiente.
B. Constituição do fragmento (pele ou pele e tecido subcutâneo), forma e três dimensões de cada fragmento.
C. Características das lesões identificadas por fragmento: vesícula/bolha, úlcera, mancha, ou outra particularidade.
Exemplo de descrição macroscópica
Cilindro/retalho (ovoide, fusiforme, irregular) de (pele/pele e tecido subcutâneo), de superfície (cor e consistência), medindo __ x __ x __ cm. Observa-se lesão medido __ x __ x __ cm, (cor, forma, bordas), que dista __ cm da margem mais próxima. Aos cortes, tecido (cor e consistência).
1.3.Alopecias:
A. Fragmentos cilíndricos: subdividir a biopsia realizando um corte transversal (paralelo à superfície epidérmica) 1 a 2 mm abaixo da epiderme. Caso o espécime seja muito espesso, pode se realizar um segundo corte 1 mm da transição do tecido subcutâneo com a derme ou mais cortes de forma a acondicionar toda a amostra no cassete.
B. Pintar com nanquim (apenas a suficiente para marcar) as superfícies de corte de cada uma das metades (Figura 1).
C. Escrever na lateral do cassete “Alopecia”.
D. Informar aos técnicos responsáveis pela inclusão do material no laboratório sobre o caso, para que não ocorram erros na hora da inclusão do material.
Figura 1. Procedimento macroscópico de cilindros para estudo de alopecias. Adaptado do manual de macroscopia do Hospital São João, Universidade do Porto, versão II, 2013
1.4.Biopsias.
A. No caso de cilindros de pele, caso o diâmetro seja de 3mm ou menor, incluir o cilindro inteiro para processamento. Caso o diâmetro seja superior a 3 mm, realizar um corte perpendicular à epiderme dividindo o cilindro em um terço e dois terços. Incluir as duas partes para processamento histológico.
B. No caso de elipses de pele com suspeita de lesão não neoplásica, a elipse deve ser cortada no maior eixo em secções que não excedam 3 mm de espessura.
2.Excisão de lesões tumorais
2.1.Procedimento
A. Pintar as margens de exérese (tintas de cores diferentes, no caso de ser necessário identificar margens específicas) (Figura 2 ).
B. Fotografar a peça quando o retalho for irregular ou de difícil descrição.
Figura 2. Método para pintar as margens de exérese em peças de dermatologia. Adaptada do manual de macroscopia do Hospital São João, Universidade do Porto, versão II, 2013.
2.2.Descrição
A. Constituição (pele ou pele e tecido subcutâneo), forma e três dimensões da peça.
B. Características da lesão: dimensões, localização, forma, cor ou cores; elevada ou deprimida, ulcerada, bordos/limites da lesão (bem ou mal definidos); distância às margens de exérese (mais próxima e em profundidade); nódulos satélites.
Exemplo de descrição macroscópica
Cilindro/retalho (ovoide, fusiforme, irregular) de (pele/pele e tecido subcutâneo), com __ x __ x __cm, com superfície (cor e consistência). Observase lesão medido __ x __ x __ cm, (cor, forma, bordas), que dista __ cm da margem lateral mais próxima e __ cm da margem profunda. Aos cortes, a lesão é (cor, forma, bordos) e infiltra macroscopicamente até a (derme, subcutãneo).
Amostragem da peça
Em peças com lesões até 2 cm de dimensão maior: inclusão total dos fragmentos identificados em sequência; nas lesões de maior dimensão: inclusão de pelo menos um fragmento por centímetro, incluindo margens.
3. Corte em cruz (Figura 3 ):
A. Cortar a peça perpendicularmente ao maior eixo para obter duas metades iguais;
B. Cortar as pontas de cada uma das metades, perpendicularmente ao maior eixo ao fim da lesão tumoral;
C. Subdividir os fragmentos contendo a lesão perpendicularmente ao maior eixo sucessivamente, até se obterem fragmentos com 23 mm de espessura;
D. Seccionar as pontas da elipse paralelamente ao maior eixo do espécime para se obter fragmentos com 23 mm de espessura.
Nota 1: Este procedimento macroscópico pode ser utilizado para a maioria das lesões tumorais cutâneas exceto em lesões melanocíticas, as quais devem ser seccionadas conforme o item 4 abaixo.
Figura 3. Corte em cruz para peças de dermatologia e resultado do corte na lâmina. Ilustração pelo Dr. Maurício Eiji de Almeida Santos Yamashita.
4. Regra das metades (“Pão de Forma”) (Figura 4):
A. Dependendo da forma da peça, cortar perpendicularmente ao maior eixo (A peças elípticas) ou em dois semicírculos (B peças circulares) para obter duas metades iguais;
B. Cada uma das metades é subdividida sucessivamente, até se obterem fragmentos com 23 mm de espessura.
Nota: Este procedimento é utilizado principalmente para lesões melanocíticas.
5. Cilindros:
Ocasionalmente, lesões são excisadas com “punch”. Caso o diâmetro seja de 3mm ou menor, incluir o cilindro inteiro para processamento; caso o diâmetro seja superior a 3 mm, realizar um corte perpendicular à epiderme dividindo o cilindro em um terço e dois terços. Incluir as duas partes para processamento histológico.
6. “Shaving”:
Os espécimes de shaving são biópsias superficiais que, geralmente, não apresentam margens laterais, apenas margem profunda. O espécime deve ser seccionado de acordo com a “Regra das metades”, descrita no item 3 acima.
Figura 4. Regra das metades para peças de dermatologia. Adaptada do manual de macroscopia do Hospital São João, Universidade do Porto, versão II, 2013.