Por Jeferson Martins Gomes, Biomédico, Técnico em Informática e idealizador do blog Eu Sou Bionerdico
EPISODIO 4: Viabilidade da implantação da Telecitologia baseado em estudos em telessaúde
Marcolino et. al. (2014) realizou um estudo sobre um serviço de teleassistência em 821 pontos de atenção à saúde localizados em 660 municípios de Minas Gerais, sendo a maioria em regiões afastadas dos grandes centros. Entre 2007 a 2012, foram produzidos mais de 1,6 milhões de laudos de eletrocardiogramas à distância e mais de 60.000 teleconsultorias assíncronas em diferentes especialidades. Além do objetivo de melhoras à assistência à saúde, a inclusão digital das unidades básicas de saúde foi citada como um benefício adicional da implantação do telessaúde um vez que, para montar o ponto de assistência de teleconsultoria, os municípios tiveram que se preparar para obter uma conexão estável e de boa qualidade de internet. Ressalta ainda que a Telessaúde possibilita quebra das barreiras geográficas à assistência especializada, qualificação dos encaminhamentos, melhora da qualidade do atendimento aos pacientes e constitui-se como uma ferramenta importante e eficiente de educação permanente em serviço. O Estudo demonstrou ainda que foi reduzido em 80% o transporte de pacientes para os grandes centros afim de realizar exames mais complexos, ocasionando uma redução de gastos do município.
Oliveira et. al. (2015) diz que em estudo que o Telessaúde contribui para o comprimento dos princípios e diretrizes do SUS. No entanto, a ampliação da cobertura do Programa, a garantia da sustentabilidade técnico-financeira da iniciativa, a superação da insuficiente adesão aos serviços oferecidos, o desenvolvimento de ações relativas à telessaúde e a melhoria da conectividade nas USF se impõem para que os resultados finais sejam plenamente alcançados.
Em outro estudo, Piropo et al. (2015) considerou que em um Estado com grande extensão territorial como a Bahia, a utilização de tecnologias de comunicação pode auxiliar à diminuir as desigualdades observadas e ampliar as ações de profissionais afins, integrando-os aos serviços de saúde locais e, convenientemente, aos serviços localizados em hospitais e centros de referência, mantendo um mecanismo de atendimento contínuo para prevenção, diagnóstico e tratamento.
Tavares et al. (2014) discorre sobre as dificuldades de implantação de telessaúde na atenção à saúde indígena. O estudo foi realizado em 2012 nos distritos sanitários especiais indígenas (DSEI), Alto Rio Negro (Pólo Base Yauarete) e Parintins (Pólo Base Umirituba), Amazonas, Brasil. Algumas das dificuldades relatadas diz respeito rotatividade dos profissionais contratados pela parceria entre organizações indígenas e prefeituras municipais. No intervalo das contratações ocorria a descontinuidade da oferta de serviço e na perda daqueles com experiência em saúde indígena e já capacitados no uso das ferramentas do programa. A infraestrutura inadequada também foi uma das causas citadas, entre elas, equipamentos danificados e falta de uso (devido à ausência dos profissionais em área por um período prolongado), além da falta de energia elétrica e dificuldades geográficas, fazendo de uso de transporte de aéreo e fluvial para o deslocamento do equipamento, o que, segundo a OMS, acarreta no aumento do custo do Telessaúde. A falta de habilidade com os equipamentos relacionada ao não uso da ferramenta e à danificação dos mesmos também foi um dos problemas citados, assim como a ausência da participação de profissionais da Fundação Nacional do Índio e Conselho de Saúde Indígena.
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